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Locomotivas do Chiveve: análise dos aspectos por melhorar para seguir em frente nos “play-off” da BAL

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Com a presença na fase final da Basketball Africa League (BAL), o Ferroviário da Beira está cotado entre as oito (8) melhores equipas africanas, em seniores masculino. É de realçar que a par do campeão moçambicano estão nesta derradeira etapa as equipas do Petro de Luanda, Angola; Al Ahly, do Egipto; Cape Town Tigers, da África do Sul; Stade Malien, do Mali;  REG, do Ruanda; ABC Fighters, da Costa do Marfim e AS Douanes, do Senegal. O vencedor da competição será encontrado entre um destes intervenientes.

O representante nacional já se encontra na atmosfera criada em Kigali, Ruanda, para deixar a sua marca na elite do basquetebol africano, a nível de clubes. Os “locomotivas” do Chiveve têm encontro marcado para Domingo, com o AS Douanes do Senegal, no qual vão decidir a permanência na competição até ao último dia, 27 de Maio corrente, em que se conhecerá o campeão.  

Para que esse objectivo se concretize, é preciso aprimorar a performance da equipa, de maneiras a superar os registos obtidos na conferência Nilo, quer na produção colectiva, quer na prestação dos atletas.

É lógico que a massa associativa e os simpatizantes da colectividade “locomotiva” beirense, bem como a nação basquetebolista, estão expectantes em ver a equipa com índices elevados, que permitam anotar, num só jogo, mais do que 109 pontos, infringidos ao SLAC (97), no dia 30 de Abril último.  Esta é, até ao momento, a melhor produção registada nesta prova, por uma equipa moçambicana e que só fica a dever-se, em 4 pontos, ao máximo estabelecido pelo US Monastair, da Tunísia, que na edição inaugural, em 2021, marcou 113 pontos, na vitória sobre o GNBC (66), do Madagáscar.

É um exemplo de produção que se deseja para o Ferroviário da Beira, embora exista a noção sobre o elevado grau de dificuldades que representarão todos os encontros a seguir, pois, vão acontecer contra equipas de excelente qualidade.

Tudo terá de ser acima da prestação na conferência Nilo, onde o Ferroviário venceu quando chegou à fasquia de 82 pontos (diante do Cape Town Tiger, 76) e perdeu sempre que não passou de 76 pontos anotados. Ao todo, o campeão nacional marcou 416 pontos, em 5 jogos, o que dá uma média de produção na ordem 83.2 pontos. No entanto, sofreu 462 pontos, para uma média de 92.4 pontos contra. O diferencial é de 46 pontos negativos e também uma média desfavorável na ordem de 9.2.

Os dados traduzem o défice que os locomotivas tiveram na abordagem dos jogos. Como está visível, marcaram poucos pontos e sofreram muitos. De forma concreta, significa que, no geral, tiveram dificuldades no ataque e foram permissivos na defesa.

A ilustração dos factos está nos indicadores que obtiveram em cada jogo.

No dia 26.04.2022, diante do Al Ahy, marcaram 74 pontos e sofreram 92. Nessa partida houve uma ineficácia tremenda, senão vejamos: em 74 tentativas de lançamentos em campo para 2 pontos, o Ferroviário acertou 25. Em contrapartida, o adversário fez 58 tentativas e acertou 30. Na zona de lance livre, a equipa teve 30 oportunidades, das quais converteu com sucesso 22. O seu opositor lançou 26 vezes e teve êxito em 23 ocasiões. Para situações de três pontos, a produção foi muito baixa: os locomotivas fizeram 13 tentativas de lançamento, tendo acertado em 2, enquanto o adversário investia por 28 vezes e saia compensado com 9 acertos. Outro indicador revelador da fraca produção e falta de rotina da equipa é o baixo número de assistências. Em toda a partida, os jogadores do Ferroviário da Beira fizeram 9 assistências contra 27 do Al Ahly. Neste encontro, o representante moçambicano esteve melhor na conquista de ressaltos, com um total de 48 conseguidos, contra 35 do adversário. No entanto, registou 11 situações de perda de bola, embora nesse particular tenha sido superado pelo Al Ahly que em 15 vezes não conseguiu dar boa sequência à posse de bola. Essa diferença foi anulada por 4 situações de desarme que o Ferroviário sofreu no jogo, sem conseguir dar qualquer resposta.

No jogo contra o Petro de Luanda, realizado no dia 29 de Abril de 2023, o que mais preocupou foi a baixa produção dos “locomotivas” do Chiveve. Marcaram 76 pontos e sofreram 101. Nos lançamentos para dois pontos, fizeram 59 tentativas para 27 concretizações, contra 68 arremessos  do adversário, com 32 acertos. Foi também pouca a aposta nos lançamentos para três pontos. Nesta especialidade, a colectividade moçambicana fez 22 lançamentos, tendo convertido 7. Em contraponto, o seu opositor  executou 36 tentativas, das quais converteu 12. Ao longo dos 40 minutos, o Ferroviário foi à zona de lance livre por 22 ocasiões, das quais foi bem sucedido em 15, ao passo que o representante angolano foi indicado para lançar à vontade por 31 vezes, tendo sido feliz em 25. O défice no jogo colectivo foi revelado pelo reduzido número de assistências que se ficaram por 13, enquanto a formação dos irmãos do atlântico mostrava a sua sincronia, ao somarem 31 assistências. Nesta partida percebeu-se o perigo e risco que representam, na alta competição, as iniciativas individuais levadas ao extremo para abordar o cesto. De mau grado, foram ainda as perdas de bola que chegaram a 25, contra 12 da outra equipa. Os esforços para ganhar a bola enquanto esteve na posse do adversário surtiram efeito por 6 vezes aos locomotivas e 10 vezes ao seu adversário. O melhor desempenho nesta disputa aconteceu nas alturas, onde a turma moçambicana foi imperial, com um total de 48 ressaltos conseguidos, superiorizando-se em 2 para o seu oponente. No que diz respeito aos bloqueios, ficou-se em 2-1 a favor do representante angolano.

Na partida do dia 30 de Abril, diante do SLAC - Seydou Legacy Athlétique, a “locomotiva” carburou e chancelou uns laboriosos 109 pontos, diga-se, 12 a mais em relação ao representante da Guine-Conacri. Foi um dia dos loucos, com final feliz para o campeão nacional. Está autorizado a repetir a dose: superiorizar-se ao adversário e no fim celebrar a vitória. Para isso, o cinco de Luis Hernadez tem que manter os princípios de colectivo, como fez nesta partida em que anotou o seu maior número de assistências na prova, 21, e superiorizou-se ao adversário em 7. Conseguiu ainda tirar a bola ao adversário por 8 vezes, contra as 7 obtidas pelo SLAC. Isso resultou em boas investidas no ataque, onde a clarividência se traduziu em 70 lançamentos para situações de 2 pontos, dos quais 37 foram certeiros. O adversário ficou-se pelo desperdício: em 74 lançamentos tentados, concretizou 35. A saga da eficácia “locomotiva” nesta partida esteve também nos lançamentos para 3 pontos, pois, em 20 tentativas, 11 resultaram em pleno, enquanto o seu oponente tentava por 29 vezes para 9 acertos. Bem produtivo ainda esteve o Ferroviário na zona de lance livre com 33 tentativas para 24 concretizações, enquanto o SLAC lançou 21 vezes e acertou 18. Na luta pelos ressaltos, o domínio traduziu-se em 42 posses de bola contra 35 do oponente. Outro aspecto positivo refere-se ao melhor controlo da posse de bola que falhou apenas em 14 ocasiões, menos uma que os conacris. O único dado estatístico que não favoreceu neste jogo tem a ver com os números de bloqueios de jogadas: o campeão moçambicano importunou 3 lances do adversário e sofreu o dobro da mesma acção.

Outro embate memorável foi contra o Cape Town Tigers, no dia 3 de Maio corrente. Saldou-se em vitória por 82-76. Aqui o Ferroviário valeu-se duma forte investida nos lançamentos para 2 pontos. Fez 74 tentativas, o seu maior número de arremessos em campo, depois de passar a linha dos 6.75 metros. É um volume de produção que bem aproveitado garante vitória. Se for convertido na totalidade (100%) dá 148 pontos.  Contra o campeão sul-africano, o aproveitamento foi de 45.5% para 30 lançamentos concretizados, ou seja, 60 pontos marcados, contra 50 do adversário, obtidos em 25 lançamentos certeiros, em 65 tentativas. Outra nota positiva a favor do Ferroviário da Beira tem a ver com o excelente aproveitamento na zona de lançamento livre, onde em 22 tentativas acertou 19, enquanto o oponente lançou 21 vezes e converteu 17. Bem mandão nas alturas, o campeão nacional ganhou 56 ressaltos contra 30 dos sul-africanos. Nesta partida, os “locomotivas” fizeram 13 assistências, um número aquém das 19, do Cape Town Tigers. Registaram um défice na recuperação de bolas, tendo obtido 9 intercepções, contra 11 recuperações do adversário. Ainda que neste jogo a equipa moçambicana tenha melhorado a protecção da sua tabela, com 2 bloqueios, deparou-se com a pronta resposta do adversário que impediu 3 tentativas de cesto na sua tabela. A variante crítica do jogo foi a perda de bola que chegou a 26 situações para os locomotivas, contra 17 do oponente. A performance nos 6.75 metros foi discreta, com a cifra de 14 tentativas de lançamento para 3 concretizações, enquanto os rapazes da terra do randconseguiam 9 triplos, em 34 lançamentos efectuados.

A fechar a participação na Conferência Nilo, no dia 05 de Maio corrente, os “locomotivas” sofreram de uma inércia diante do City Oilers Club e foram engasgados com um resultado em desfavor de 96-75 pontos no marcador. Como a equipa estava à sobra de si mesmo consentiu à pressão do representante de  Uganda a todos os níveis, com a excepção da especialidade de lançamentos livres em que chegou a 27 tentativas, para 22 acertos, contra 19 tentativas do adversário que converteu 9 ocasiões. Melhor que isso foi ter conseguido fazer 4 bloqueios no jogo, o dobro da cifra alcançada pelo adversário. Nos outros aspectos, o Ferroviário esteve irreconhecível. Gerou 14 assistências contra 19 do seu oponente. Conseguiu 7 roubos de bola e ficou a um lance de igualar-se ao seu adversário nesta especialidade. Pela primeira vez na competição, a equipa moçambicana perdeu na disputa de ressaltos. Nesse particular, obteve o registo de 41 lances, um a menos, em relação ao seu oponente. As dificuldades foram tais ao ponto de registar 20 situações de perda de bola, contra 16 do City Oilers. As jogadas de ataque não tiveram a sequência desejada para a finalização. De um total de 64 lançamentos de campo para situações de 2 pontos, a equipa concretizou 23, enquanto o seu adversário conseguia converter 36 lançamentos em 70 tentados. O défice aconteceu ainda na zona dos 6.75 metros, de onde o Ferroviário fez 24 lançamentos e acertou por 7 ocasiões, contra 15 acertos do seu adversário, em 29 tentativas.

Mais do que dados estatísticos, a fase da Conferência Nilo proporcionou ao Ferroviário da Beira a oportunidade de criar entrosamento na equipa e avaliar os índices do atletas em jogos exigentes. Foi a melhor preparação para a fase final, a mais exigente e que requer foco, determinação, coesão, disciplina e espírito de sacrifício.    

               

 

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