Houve magia de Elias “Domingues” Pelembe, arte de colocar a bola no lugar certo de Geny Catamo e dança de Clésio Bauque, à moda de Lil Wayne de Namicopo, na vitória de Moçambique por duas bolas sem concorrência sobre o Ruanda, na tarde deste domingo no Huye Stadium, na província de Butare, a sul daquele país amigo que tem ajudado a Pérola do Índico no combate ao terrorismo.
Por Alfredo Júnior
O triunfo coloca os Mambas a um ponto da qualificação ao Campeonato Africano das Nações - CAN-2023, que terá lugar próximo ano entre os meses de Janeiro e Fevereiro, pois Moçambique passa a ocupar a segunda posição da tabela classificaria com sete pontos, mais dois que o Benin (que conta com cinco pontos após empate a uma bola com o Senegal que tem 13 e já está qualificado). O Ruanda continua lanterna vermelha com dois pontos e o seu apuramento ao CAN-2023 está fora de hipóteses.
Isto equivale dizer que a turma orientada por Chiquinho Conde está com um pé na Costa do Marfim e precisa de apenas um ponto para chegar ao apuramento para a prova, facto que aguarda há 13 anos. Ou seja, no jogo que terá lugar no próximo dia 4 de Setembro no Estádio Nacional do Zimpeto, um empate será suficiente para carimbar o passaporte para tão importante competição africana, tendo em conta que na primeira volta os Mambas foram a Cotonou vencer por uma bola a zero.
A decisão da segunda selecção do Grupo L a qualificar-se para o CAN-2023 será tomada no Zimpeto que certamente vai rebentar pelas costuras para puxar pela equipa de todos nós, que almeja voltar a marcar presença na maior prova africana, algo que não acontece desde 2010 quando os Mambas marcaram presença no Campeonato Africano das Nações decorrido em Angola. Caso se confirme será a quinta presença de Moçambique nessa prova.
NOVA DUPLA DE CENTRAIS QUE NÃO COMPROMETEU
Para o 11 inicial desta contenda Chiquinho Conde apostou em dois defesas centrais que nunca antes haviam jogados juntos, concretamente, David Malembane e Martinho, em virtude de não poder contar com os habituais e históricos Mexer (ausente por fadiga física) e Zainadine Júnior (preterido na convocatória após os incidentes de Dakar).
E foi com toada de equilíbrio que iniciou a partida ainda que o Ruanda assumisse as despesas do jogo, foi a equipa que criou mais situações ofensivas fruto da maior posse de bola que tinham.
No entanto, a primeira situação de perigo criada pelos Mambas foi aos 27 minutos, num remate do meio da rua tirado por Stanley Ratifo que obrigou a uma defesa apertada do guarda-redes ruandês, Fiacre Ntwari.
Um minuto depois foi a vez do ataque dos Amavubis testarem a atenção de Ivan Urubal que foi obrigado a travar um remate potente evitando o pior para as suas redes.
MAGIA DE DOMINGUES E ARTE DE GENY
A turma da casa era mais perigosa no ataque tal como aconteceu aos 36 quando o guarda-redes Ivan Urubal teve um toque preciso e viu a bola a ser devolvida pelo poste direito, após o remate de Nshuti Innocent desviado pelo ferro quando os adeptos da casa se preparavam para gritar golo.
Quando estavam jogados 43 minutos e contra a corrente do jogo, o capitão Elias Gaspar Pelembe, ou simplesmente Dominguez, coloca toda sua experiência ao serviço dos Mambas quando faz um passe açucarado para uma excelente recepção de Geny Catamo com o pé esquerdo e rematar com o pé direito para o fundo das redes do guardião Fiacre Ntwari, que se esticou mas não conseguiu evitar os festejos dos moçambicanos presentes no Huye Stadium.
Foi com essa vantagem da equipa visitante que as duas formações recolheram ao intervalo.
Na segunda parte a partida baixou de intensidade, a iniciativa ofensiva pertencia ao Ruanda que não conseguia desenhar jogadas que levassem real perigo à baliza defendida por Ivan Urubal que não foi obrigado a grandes intervenções.
A DANÇA DE LIL WAYNE DE NAMICOPO INTERPRETADA POR CLÉSIO
Chiquinho Conde procedeu várias alterações ao seu 11, apostando na troca por troca, sendo que apenas aos 72 minutos foi forçado a fazer a substituição de Geny Catamo por Ali Zacarias (jovem jogador do Costa do Sol) que fez a sua estreia absoluta nos Mambas, nesta que é a sua primeira convocatória de sempre para representar a selecção nacional de futebol.
Quando já se jogava o quarto minuto dos cinco de compensação, Ivan Urubal foi obrigado a uma defesa apertada após um remate de Muhadjiri Hakizimana que do meio da rua chuta com intenção, mas valeu a atenção do guarda-redes moçambicano que defende para canto.
E foi ao ritmo da dança de Lil Wayne de Namicopo que todo banco de suplentes dos Mambas festejou com Clésio Bauque o golo que encerrava a contagem no marcador e uma soberba vitória de Moçambique que agora vai abordar o jogo da sexta jornada com tranquilidade, visto estar com um pé no CAN-2023 da Costa do Marfim.
FICHA TÉCNICA
Huye Stadium, Butare
Arbitragem de Mustapha Ghorbal, auxiliado por Mokrane Gourari (1º assistente) e Hamza Bouzit (2º assistente). O quarto árbitro: Loutfi Bekoussa, todos da Argélia.
RUANDA: Fiacre Ntwari; Ali Serumogo (Fitima), Emmanuel Imanishumwe, Djihad Bizimana (Steve Rubanguka 66’) , Ange Mutsinzi, Hakim Sahabo, Muhadjiri Hakizimana, Innocent Nshuti (Didier Mugisha 66’) Gilbert Mugisha (Dominique), Thierry Manzi e Jean Bosco Ruboneka (Abeddy Biramahire 71’).
SUPLENTES NÃO UTILIZADOS: Amaible, Faustin, Christian, Jean Pierre, Yannick Mukunzi, Abdul e Samuel
TREINADOR: Carlos Alos Ferrer
MOÇAMBIQUE: Ivan; Domingos, Martinho, David Malembana, Edmilson; Amadou (Kambala 52’), Shaquille, Witi (Clésio 52’), Domingues (Gildo 63’) , Geny Catamo (Ali Zacarias 72’) e Stanley Ratifo (Melque Alexandre 52’)
SUPLENTES NÃO UTILIZADOS: Victor Guambe, Fazito, Danito Mutambe, Nené, Chico, Telinho e Bhéu Januário
TREINADOR: Chiquinho Conde
GOLOS: Geny Catamo (43’) e Clésio Bauque (90+4’)
ACÇÃO DISCIPLINAR: cartão amarelo para Amadou, Ivan e Ali Zacarias
