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Sidat reitera que não está garantida continuidade de Conde nos Mambas

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A continuidade de Chiquinho Conde no comando dos Mambas continua na ordem do dia, tendo em conta o facto de o contrato do treinador moçambicano chegar ao fim em Julho do presente ano e o clima pouco amistoso que o timoneiro do combinado nacional tem para com a liderança da Federação Moçambicana de Futebol (FMF). Com efeito, este assunto voltou a ser tema de uma entrevista do Presidente da FMF, Feizal Sidat, desta feita concedida ao RM Desporto, na qual o número do órgão responsável pelo futebol nacional deixou ficar mais dúvidas do que certezas da continuidade do antigo capitão do Mambas à frente da selecção.

 

Por Alfredo Júnior

 

Nem às últimas prestações da selecção no CAN-2023 em que registou dois empates a duas bolas com Egipto e Gana, muito menos a qualificação para a Campeonato Africano que decorre na Costa do Marfim e a prestação no último CHAN que decorreu na Argélia, levam a Feizal Sidat a antecipar a decisão sobre a continuidade ou não de Chiquinho Conde, deixando ficar uma resposta que pende mais para a incerteza do futuro do comando técnico da equipa de todos nós.

 

Quando questionado diretamente sobre este tema, Feizal Sidat disse à RM Desporto que ainda é cedo para dizer qual a decisão a tomar, sustentando que “mister Chiquinho tem um contrato com mais cinco meses pela frente, ainda é muito tempo até Julho”.

 

Ainda assim, Sidat abre a porta de saída a Chiquinho ao afirmar que “sem dúvidas que ele também se valorizou, acredito, quem sabe possa haver uma proposta de contrato para ele e possa dizer não a uma nossa proposta, afirmando que presidente tenho ofertas muito melhores”.

 

Para já Sidat diz que o assunto da continuidade de Chiquinho Conde ainda não mereceu uma análise das duas partes, sustentando que quando chegar o momento “é preciso haver vontade de ambas partes...não só do nosso lado, também do lado dele”.  

 

GREVES NOS MAMBAS NÃO FAVORECEM A CHIQUINHO

 

Chiquinho Conde foi contratado para as funções de Seleccionador Nacional em Outubro de 2021, ocupando o lugar de Horácio Gonçalves que teve um consulado de curta duração à frente dos Mambas. O antigo capitão dos Mambas rubricou na altura um contrato por objectivos, nomeadamente a qualificação dos Mambas ao Campeonato Africano das Nações, de 2023, que tem lugar na Costa do Marfim.

 

Apesar de ter alcançado esse objectivo, os últimos acontecimentos no seio dos Mambas, concretamente as constantes greves e paralisações dos treinos devido a exigência do pagamento de prémios de jogos e ‘pocket money’ pelos jogadores é um dos pontos que afecta negativamente a relação entre Chiquinho Conde e a Federação Moçambicana de Futebol, segundo deu a entender presidente da FMF.

 

“Não quero ser hipócrita. Há coisas que é preciso melhorar, naturalmente, ele é o líder da equipa e deve ser o primeiro a não admitir aquele tipo de situações de greves e não de greves no seio dos Mambas. Primeiro é a cabeça do treinador que deve aparecer em cena, naturalmente. Vamos ser honestos, ele é o líder do balneário, ele tem que saber controlar o seu balneário, porque quem convoca os jogadores é o selecionador nacional. Portanto, cabe a ele dizer, meus amigos, não é aqui que devem fazer greves, devem ocupar-se em treinar...penso que ele também viu que há coisas que não devem acontecer, que isso não abona a imagem da selecção”, disse Sidat.

 

Ainda assim, Sidat refere que “está entreaberta a possibilidade de Chiquinho Conde ficar na selecção, está entreaberta a possibilidade de renovação ou não, tem que haver vontade dele e da FMF, é o que aconteceu na última renovação”.

 

“Pela experiência que tenho dos contactos com os meus colegas, é importante que o presidente e o selecionador devem estar unidos, devem ser unha e carne”, disse Sidat.

 

CONDE EM PORTUGAL

 

Entretanto, enquanto não se define a questão da sua continuidade, Chiquinho Conde pediu autorização à Federação Moçambicana de Futebol para se ausentar do país por um período de um mês em que vai dedicar-se a aumentar o seu nível de conhecimento sobre o futebol.

 

“Ele agora vai para Portugal, para uma formação e vai ficar quase um mês para actualizar os seus conhecimentos, acho que quando ele voltar podemos começar a abordar o seu futuro nos Mambas”, disse Sidat para depois recordar que “cabe ao presidente da federação e à sua direção executiva tomar as devidas decisões sobre a contratação do Seleccionador, porque recordem-se que quem o trouxe aos Mambas foi o Feizal Sidat e a sua direção”.

 

“Houve muito sururu quando nós mandamos embora o Luiz Gonçalves, pagamos indemnizações fora da nossa capacidade, mas talvez foi um bem necessário. Trouxemos alguma estabilidade com tudo isso. Nem tudo, naturalmente, correu bem, as coisas também vão evoluindo, vamos aprendendo com o tempo e penso que o mister Chiquinho também já viu que há coisas que têm que se melhorar no seio da selecção nacional”, disse Sidat.

 

Refira-se que a Selecção Nacional terá uma agenda preenchida a partir do mês de Maio com a participação na Taça COSAFA, seguindo-se os jogos da fase de qualificação para o Mundial 2026, devendo realizar jogos nos meses de Junho, Setembro, Outubro e Novembro.

 

“Temos em final de Maio a Taça  COSAFA, jogos que servirão de preparação para as partidas com a Somália e o Guiné-Conacri para a qualificação ao Mundial. A Zona VI decidiu antecipar os jogos da Taça COSAFA para que nós possamos preparar os jogos das jornadas duplas dos grupos de acesso ao Mundial”, disse Sidat para depois afirmar que “vamos nos preparar com todas cautelas para jogo com a Somália e a Guiné-Conacri, sendo que vimos agora no CAN que a Guiné esteve nos quartos-de-final e demonstrou ser uma equipa muito forte”.

 

SIDAT DIZ CAN-2023 SÓ RENDEU 100 MIL USD

 

A Confederação Africana de Futebol (CAF) aumentou o prémio para o vencedor do CAN-2023 para 7 milhões de dólares americanos, bem como a comparticipação para todas selecções nacionais que tomaram parte na 34ª edição do Campeonato Africano das Nações que termina a 11 de Fevereiro próximo na Costa do Marfim.

 

Quando questionado sobre os proveitos financeiros advindos desta participação, Feizal Sidat revelou não terem sido de grande monta, ao afirmar que “foi cento e tal mil dólares, mas isto era de para a preparação. Não há prémio de participação, pelo menos não me recordo de ter lido comunicados da CAF sobre  isso, mas sei que as equipas que se qualificaram aos oitavos-de-final passaram a receber 400 mil, depois 1.3 milhões para as que chegarem aos quartos por aí em diante”.

 

Por outro lado, Sidat afirmou que a movimentação das selecções nacionais tem sido bastante onerosa, destacando o facto de a Federação Moçambicana de Futebol ser das poucas que movimenta um número elevado de combinados nacionais.

 

“Ainda este fim-de-semana estivemos a movimentar a selecção de futsal, mas ao todo são cerca de 9 selecções nacionais que nós movimentos, incluindo a selecção de futebol feminino que tem estado a registar bons resultados. Creio que somos das poucas federações da CAF que movimentam este número elevado de selecções nacionais, claro que com apoio da Secretaria de Estado do Desporto através do Fundo de Promoção Desportiva. Ainda há poucas empresas que têm patrocinado a Federação, mas esta segunda-feira vamos assinar um acordo com mais uma empresa, penso que começa a haver consciência de que há que apoiar as selecções nacionais”, disse Sidat na longa entrevista concedida ao RM Desporto. (LANCEMZ)

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